‘A Última Floresta’ é um filme nacional dirigido por Luiz Bolognese (Uma História de Amor e Fúria) que estreou no Brasil em setembro de 2021 e que carrega uma lista enorme de prêmios. Ele angariou tanto prêmios nacionais quanto internacionais nesses dois anos. Além de prêmios, ele recebeu excelentes críticas de especialistas e foi muito acolhido pelo público por onde passou (falo de festivais, não do grande cinema em geral). Ou seja, temos aqui uma das maiores obras nacionais de 2021 e quase ninguém viu.

Sinopse: “O xamã Davi Kopenawa Yanomani tenta manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade, que fica localizada em um território Yanomami, isolado na Amazônia. Os jovens ficam encantados com os bens trazidos pelos brancos. Ehuana, que vê seu marido desaparecer, tenta entender o que aconteceu em seus sonhos.”

Uma curiosidade sobre ele é o fato dele misturar a linguagem documental com ficção. Suas belas imagens mostrando a fundo a Floresta Amazônica valem todo o destaque para a fotografia aqui. Aquele tom de documentário se faz muito presente, principalmente no seu início. Esse detalhe é tanto que cheguei a ficar perdido sobre o estilo, mas logo relaxei e aceitei o que ele estava me propondo. Logo, descobrimos como os yanomamis veem o mundo e como é a sua visão sobre a floresta. Seus contos e lendas nos são mostrados e rapidamente entendemos como esse povo vive. Eles são os verdadeiros donos dessa terra que chamamos de Brasil.

Não demora muito para vermos os problemas que eles enfrentam diariamente. Principalmente com garimpeiros brancos que chegam na região e envenenam a água com mercúrio fazendo com que animais morram e que índios adoeçam. Isso sem falar com a atração que um jovem índio sente por querer conhecer o mundo de fora. Tudo isso de uma forma ficcional, mas que ao mesmo tempo ganha contornos documentais. Pode parecer confuso, apenas vendo para entender o que quero dizer de verdade.

Claramente vemos uma grande crítica ao atual governo aqui. Os próprios que abertamente lavaram as mãos para o genocídio de índios, onde fingem que nada acontece. Esse detalhe nos pega forte e nos faz querer justiça por um povo que só quer viver em paz, mas que são incomodados pela ganância do homem que não se importa nem um pouco com o bem estar dos outros.

Definitivamente esse não é um filme do estilo comercial. Ele não faria nenhum sucesso no grande circuito nacional. Digo apenas que ele merece ser visto, pois ele é do tipo que pode mudar pensamentos e fazer com que ajamos de forma diferente e mais humana. Não é preciso o tempo que esse povo indígena está por aqui, mas antes da chegada do homem branco eles já estavam aqui. Eles merecem essa terra muito mais do que o resto.