A História da Minha Mulher

Apesar do elenco predominantemente francês, e de conter uma narrativa tipicamente do cinema francês, “A História da Minha Mulher” é uma parceria entre Hungria, Alemanha, França e Itália. Dirigido e roteirizado pela húngara Ildikó Enyedi (Corpo e Alma), o longa, quase todo falado em inglês, nos faz lembra o tempo todo de Dom Casmurro de Machado de Assis. É uma trama intrincada, cheia de mistérios e paixões desenfreadas que utiliza o mise en scene e os gestos dos personagens para contar a história, que se dá em 2h49 minutos que não são sentidos, apesar de conter um ritmo lento, cada minuto em cena é necessário.

A trama é narrada por Jakob Störr (Gijs Naber), o capitão de navio que quase nunca está em terra, e decide se casar com a primeira mulher que encontrar. Ele avista a bela Lizzy (Léa Seydoux) e lhe pede em casamento, a moça aceita a proposta, mas entre eles, sempre se encontra Dedin (Louis Garrel). Jakob está perdidamente apaixonado por sua mulher Lizzy, mas sempre atormentado pelos jogos emocionais que ela faz e a sensação de que ela tem um amante.

 

O chamariz aqui é o elenco composto por Garrel (Adoráveis Mulheres), Seydoux (Crimes do Futuro) e Naber (A Espiã). Mas o longa é muito mais que isso. Com monólogos extremamente poéticos, fotografia belíssima composta principalmente de um mar muito azul e da trilha sonora que lhe completa impecavelmente.

Temos romance, mistério, paixão, ciúme, raiva e cobiça entre este casal pouco ortodoxo, principalmente para a década de 40, onde deve se passar o filme, uma vez que é baseado na obra de Milán Füst publicada em 1946.  A direção de Ildikó Enyedi é impecável, o longa é todo redondinho com começo, meio e fim.