A Filha Perdida

Olivia Colman venceu o Oscar de melhor atriz em 2019 por seu papel em “A Favorita”, desde então tudo que Olivia toca vira ouro. Qualquer projeto em que participe seja filme ou série ganha a atenção do público e da crítica. Em 2021 recebeu mais uma indicação ao Oscar, dessa vez como coadjuvante pelo filme “Meu Pai”, mas não levou a estatueta. Esse ano está indicada mais uma vez e recebe a chance de mais um prêmio, embora, ao que tudo indica, este ano não seja a favorita. O longa marca também a estreia da atriz Maggie Gyllenhaal (A secretária) como diretora e roteirista. O filme é baseado no livro homônimo de Elena Ferrante.

Na trama, Leda é uma professora de meia-idade que viaja sozinha para uma praia na Grécia, lá ela observa a vida de outras pessoas, principalmente da jovem mãe Nina (Dakota Johnson) que capta sua atenção. Em paralelo, são mostradas lembranças de Leda na juventude e a dificuldades que enfrentava com as duas filhas.

 

As duas horas de filme são completamente sufocantes pelos planos e cores utilizados pela diretora. Que escolheu usar a sensibilidade feminina para retratar mulheres fora da curva. A sociedade tem a tendencia de pensar na mulher como a mãe perfeita, um ser divino e virginal que não pode cometer erros.  Gyllenhaal ousa ao retratar duas mulheres cheias de erros, defeitos, estranhezas e que não nasceram para ser mães.

Leda é uma pessoa extremante estranha e infantilizada. Isso é representado pela obsessão que tem com bonecas. A podridão nos alimentos e animais grotescos que surgem em cena estão lá para representar como Leda se sente por dentro. As duas personagens centrais tem muitas semelhanças principalmente ao quase ressentir as filhas por lhes roubarem a felicidade, liberdade e juventude. O filme faz referência a depressão pós-parto e falta de instinto materno que ao contrário do que muitos pensam não nasce com todas as mulheres.

Apesar do tema irreverente e fortes trabalhos de atuação por parte de Olivia Colman, Dakota Johnson , Ed Harris e Jessie Buckley, este filme não é para todos os públicos por não possuir enredo cartesiano com desfecho. Embora instigue curiosidade pode cansar o expectador mais tradicional.