A Defesa do Castelo (1969)

Muito serial killer aponta como motivação para seus crimes, filmes ou até vídeo games. Em 1974, Ronald Defeo Jr matou sua família em sua casa localizada em Amityville. Milhões de especulações foram feitas sobre o crime, principalmente porque, alguns anos depois, a família Lutz se mudou para a mesma casa e não durou lá uma semana, por dizerem presenciar forças demoníacas (algo que gerou diversos filmes e livros que perduram até os dias de hoje). No entanto, quando questionado, Defeo disse que um dos motivos de ter matado sua família foi ter assistido ao filme “A Defesa do Castelo”. Diferente do que se poderia imaginar, este não era um filme de terror.

Protagonizado por Burt Lancaster (A Um Passo da Eternidade), Castle Keep, no original, é um filme sobre guerra, patrimônio histórico, cultural e ainda mostra de forma exagerada o estilo de vida da época em que foi feito. Lançado em 1969, -auge da guerra do Vietnã e da vida hippie, woodstock e vários movimentos comportamentais de contracultura-, o filme ilustra perfeitamente o período em que se passa. Sua premissa é bastante simples, sua grandiosidade está em pequenas nuances.

Totalmente surrealista e psicodélico, o longa se passa em meados dos anos 40 na Bélgica, onde um conde que reside em um castelo do século X, e que no fim da guerra, tem medo que seu castelo e acervo acabe sendo destruído pelo exército alemão. Para evitar, abriga soldados do exército americano para que o protejam. Em meio as destruições, são levantados temas como direito de nascença, superioridade pelo dinheiro, crises de identidade, aparências e amor livre.

 

O que está por trás de toda a loucura desta narrativa feita com cortes extremamente bruscos e propositais pelas mãos de Sydney Pollack (Nosso Amor de Ontem), é a dicotomia da guerra. Proteger ao ponto de acabar destruindo.  Tudo isso em meio a casos extraconjugais, um homem que se apaixona por um carro e outro que toma para si a família de um padeiro. Aos olhos da crítica que achou o filme pretencioso, hoje pode se dizer que envelheceu bem ao longo dos anos.