A Bailarina

Férias podem ser um período complicado para os pais – passar o mês de janeiro entretendo as crianças pode custar, além de dinheiro, um pouco de  paciência. É em casos como esse que “A Bailarina” salva o dia. Criado para incentivar tanto crianças quanto adultos a perseguirem seus sonhos, o filme tem aquele efeito delicioso de deixar o espectador mais leve.
A jornada de Félice (dublada pela estrela infantil Mel Maia) começa em um orfanato na Bretanha, uma região rural no oeste da França, em 1869. A órfã foge com seu melhor amigo, Victor, para a capital francesa, onde começa a perseguir o sonho de ser uma bailarina na Opéra National de Paris. Lá, ela é acolhida pela faxineira Odette, que trabalha tanto no edifício da Opéra quanto na mansão de uma madame malvada. A filha da patroa, Camille, treina dia e noite para entrar na academia para jovens bailarinas da Opéra. Quando a carta convocando Camille finalmente chega (não por mérito dela, mas sim por causa dos contatos da mãe), Félice assume seu lugar nas aulas. A protagonista recebe treinamento extra de Odette fora da sala de aula enquanto luta para manter a falsa identidade com os professores e conseguir o papel de Clara na produção de O Quebra-Nozes que a Opéra está produzindo.

Felice e o melhor amigo, Victor, em frente à Opéra National de Paris

Infelizmente, ele não faz parte da geração de animações que procura quebrar padrões, como Moana ou Zootopia. Primeiro, falta representatividade – todos os principais são brancos. Apesar de haver personagens femininas fortes, o sonho de todas é o sucesso no balé – uma área em que os homens dominam no filme, já que o professor das meninas é um bailarino. Ao mesmo tempo, Félice é disputada por dois meninos que não querem nem escutar sua opinião, e acaba priorizando o tempo com eles em vez de se focar no seu sonho. Por fim, o melhor amigo de Félice busca uma carreira criativa como inventor, enquanto todas as meninas só se importam com os estudos relacionados a balé. Já que a produção não se incomodou com o fato da protagonista usar shorts (com calças por baixo) em pleno século XIX – época em que mulheres de todas as classes só usavam vestidos -, poderiam ter estendido a “licença poética” para quebrar esses clichês.
Porém, vale a pena levar as crianças para assistir, principalmente em 3D (que foi muito bem executado).

Enquanto os pequenos se divertem com o filme, os adultos podem aproveitar o tour por Paris, ver a Torre Eiffel em construção e os detalhes do belo palácio da Opéra, que foi reproduzido meticulosamente pelos animadores. O roteiro tem um ritmo envolvente, graças à combinação dos passos clássicos de balé com humor ao som de sucessos atuais do pop. Embora pareça apelar mais ao público feminino, o filme tem uma mensagem positiva para todos – não importa o gênero ou a idade.

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