Chefe de Guerra – 1ª Temporada

Chefe de Guerra é uma produção dramática e histórica da Apple TV+, com o ator Jason Momoa, que também é um dos seus criadores. A série é um épico que se passa no Havaí do final do século XVIII, antes da unificação das ilhas. Ela se destaca pelo uso dos idiomas havaiano e inglês, e por ter uma abordagem que valoriza a história e a cultura nativas, imergindo o público neste universo. O drama é recomendado para quem aprecia histórias de grande escala, com combates, intrigas políticas e uma forte ênfase cultural, sendo comparada a outras obras épicas no que diz respeito ao escopo e à luta por poder.

Sinopse: “Ambientada no final do século XVIII no Havaí, a série acompanha a épica jornada de Kaʻiana, um destemido chefe de guerra interpretado por Jason Momoa. Convocado para retornar à sua terra natal, ele se vê em meio a um cenário de ilhas fragmentadas e reinos em conflito. A trama mergulha na missão de Kaʻiana de unir as ilhas havaianas, enfrentando não apenas os desafios internos e as intrigas políticas de seu povo, mas também a crescente e iminente ameaça da colonização externa, tudo isso a partir da perspectiva rica e autêntica dos nativos.”

Creio que podemos considerar esta série como a paixão de Jason Momoa. O ator nasceu em Honolulu, no Havaí, e isso torna este projeto o mais pessoal e importante até o momento de sua vida. Ele é o co-criador, produtor executivo, estrela, e ainda dirigiu o último episódio da temporada. Provavelmente, esperou anos até ter o poder necessário para garantir que a série fosse produzida com o respeito e a escala que a narrativa merecia. O pilar da obra reside em seu compromisso inegociável com a autenticidade, mais evidente no extenso uso do idioma havaiano (ʻŌlelo Hawaiʻi). Essa escolha corajosa, juntamente com a consulta a historiadores e anciãos nativos, transforma a produção de um mero drama histórico em uma carta de amor cultural, oferecendo uma perspectiva interna e não-colonizada da história deste arquipélago.

Sem demora, a série se estabelece rapidamente como um bom épico. Seus dois primeiros episódios nos revelam um pouco da grandiosidade da produção, mostrando batalhas em um nível de violência alto. Isso nos confere maior credibilidade para nos engajarmos com essa história e embarcarmos neste mundo crível. Além das batalhas, também temos um cenário rico em intrigas que envolvem dinastias. Colocar a perspectiva nativa, e não a de colonos e exploradores, foi um grande acerto, pois conhecemos realmente de quem importa a verdadeira história dessas ilhas. O resultado final acaba sendo um grande estudo sobre poder, lealdade e resistência indígena.

O personagem de Momoa, Kaʻiana, era um chefe de guerra real e figura crucial, conhecido por suas viagens e por trazer conhecimento do mundo exterior de volta para as ilhas. Esta é minha deixa para falar sobre o ator. Parece que o papel foi feito sob medida para ele. A presença física e imponente também exige uma profundidade emocional maior. Conseguimos ver o Jason Momoa que conhecemos ali, mas é notória a paixão que ele entrega ao personagem, mostrando sua vulnerabilidade e o senso de responsabilidade. Embora ele seja uma figura central, é preciso destacar todo o elenco, que possui ascendência polinésia. Esse cuidado de mostrar familiaridade cultural imprime uma veracidade precisa nas interações dos personagens, solidificando a premissa de que a história deve ser contada por aqueles que a vivenciaram.

Chefe de Guerra é uma excelente série. Ela é corajosa, lindamente filmada e culturalmente importante. O equilíbrio do espetáculo épico com o respeito histórico elevam a narrativa até o ponto onde o público suplica para ver mais. Porém, após o início, que é bem frenético, ela adota um ritmo mais lento para poder focar em intrigas políticas e no desenvolvimento de personagens. Ainda vale mencionar a qualidade visual de toda a série, que possui uma fotografia deslumbrante; o trabalho de direção de arte que mostra detalhes nos artefatos e nas vestimentas; e a trilha sonora de Hans Zimmer, que é discreta, mas que consegue dar o tom épico à história.