Ritas é um documentário que presta uma linda homenagem a uma das maiores artistas do Brasil, a inesquecível Rita Lee, mergulhando profundamente na vida e obra da cantora. O grande destaque do filme é a forma como a própria Rita conduz a narrativa. A obra utiliza entrevistas que ela concedeu ao longo de sua carreira, além de depoimentos recentes e inéditos, para que ela mesma, com sua voz, carisma e irreverência, conte sua história. Nesta obra, dirigida por Oswaldo Santana e Karen Harley, encontramos uma jornada íntima da cantora, que, através de sua voz, nos mostra sua importância e seu legado.

Sinopse: “Em uma jornada emocionante e íntima, o documentário “Ritas” mergulha na vida e obra da lendária cantora e compositora Rita Lee, utilizando a própria voz da artista para narrar sua história. Mais do que uma biografia convencional, o filme é um encontro com Rita, que, através de entrevistas e depoimentos inéditos, compartilha suas memórias, paixões e o processo criativo por trás de sua genialidade. Celebrando sua irreverência, sua importância como ícone do rock brasileiro e sua incansável luta pela liberdade, “Ritas” é um tributo que ressalta o legado de uma das figuras mais amadas e influentes da música no Brasil.”

A primeira coisa que me faz destacar esse longa é a forma como ele é conduzido através da voz da própria Rita Lee. Ela narra sua própria história e esse trabalho de direção e montagem foi criado a partir de um vasto acervo de entrevistas que ela concedeu ao longo da vida. Além disso, também possui trechos de depoimentos que ela gravou em seu sítio. Essa escolha narrativa transforma o filme em uma jornada bem íntima e autêntica, como se a própria artista estivesse conversando diretamente com o espectador. Conseguimos escutar tudo isso de forma tranquila e ficamos hipnotizados em qualquer momento que ela aparece em tela para nos dizer algo.

Rita Lee era uma ótima musicista, mas sua influência vai para muito além disso. Antes de certos assuntos serem debatidos com fervor nos dias de hoje, ela já levantava certas bandeiras lá atrás. Ela se tornou uma figura cultural e feminista, desafiando normas e inspirando gerações. Sua irreverência, seu estilo único e sua autenticidade foram fundamentais para quebrar padrões em um cenário dominado pelos homens. Vivia o espírito de liberdade e rebeldia que esse tal de rock and roll representava. Suas letras, presença de palco e sua personalidade serviam de farol para muitos que não tinham a coragem de ser quem realmente são. Esses detalhes tornam o legado da cantora ainda mais relevante e atemporal.

Outro ponto tocante nesta produção é ver a parceria de uma vida ao lado de Roberto de Carvalho. Não só no âmbito musical, como no pessoal também. A participação de Roberto não chega a ser grandiosa aqui, mas é pontualmente estabelecida. Até pode ser um coadjuvante nesta história, porém ele era protagonista ao lado dela em momentos de felicidade e de ruína. O amor e a sintonia que os unia fica muito claro em suas criações artísticas e no dia a dia de casados. Sua presença na obra acrescenta uma camada a mais de emoção à narrativa.

Ritas é um ótimo filme que vai agradar fãs e até quem não a conhecia tanto assim. Ele é uma homenagem emocionante que celebra a vida e a arte de uma verdadeira lenda da música brasileira. A estrutura de nos apresentar quatro Ritas nos ajuda a entender melhor as fases de sua vida: a Rita roqueira, a Rita hippie, a Rita popstar e a Rita romântica. Isso nos mostra toda a versatilidade da cantora e a capacidade de se reinventar ao longo das décadas. Tudo isso deixando no ar uma sensação de carinho, admiração e gratidão pelo legado que ela deixou.