O Jogo da Viúva
O Jogo da Viúva é um novo filme espanhol de suspense e drama, lançado pela Netflix recentemente. O longa, dirigido por Carlos Sedes e com roteiro de Ramón Campos e Gema R. Neira, baseia-se em uma chocante história real, conhecida como A Viúva Negra de Patraix, na Espanha. Nele, acompanhamos o desenrolar de um assassinato pelo ponto de vista de três personagens cruciais: a inspetora Eva (Carmen Machi), a viúva Maje (Ivana Baquero) e o amante Salva (Tristán Ulloa). A obra pode ser descrita como um suspense psicológico instigante, que explora o poder da manipulação e as consequências de segredos ocultos.
Sinopse: “A vida da jovem e aparentemente doce Maje (Ivana Baquero) é drasticamente alterada quando seu marido é brutalmente assassinado. Inicialmente, a investigação policial aponta para um crime passional, mas a persistência de uma experiente inspetora de homicídios revela uma teia de mentiras e segredos. Aos poucos, a fachada de esposa perfeita de Maje desmorona, expondo uma vida dupla complexa e múltiplos relacionamentos. O filme mergulha na mente da protagonista, explorando a manipulação e os segredos que levaram a um dos crimes mais chocantes da Espanha, culminando em uma condenação que abalou o país.”
Se avaliarmos de forma mais objetiva, O Jogo da Viúva poderia ser considerado apenas um filme comum. O que o faz se destacar é o fato de ele ser uma chocante história real que teve uma repercussão midiática sem precedentes na Espanha. Para nós brasileiros, é apenas mais uma boa história do gênero true crime, mas para os espanhóis, senti que era algo a mais. A produção não se limitou a uma simples adaptação, mas buscou recriar os eventos com um rigor quase documental para trazer maior veracidade, desde o assassinato brutal até o desenrolar complexo da investigação policial. O que mais se destacou foi o olhar aprofundado sobre a mente por trás da manipulação.
A performance de Ivana Baquero (O Labirinto do Fauno) como Maje é um grande destaque. Vê-la em ação manipulando as pessoas para alcançar seus objetivos chegava a beirar o medo. Ela é complexa, demostrando fragilidade aparente e uma frieza bem calculista. A dualidade dela chega a nos colocar em dúvida sobre suas intenções em alguns momentos. Essa interpretação com várias camadas é crucial para o sucesso do filme, pois permite ao público mergulhar na psicologia da personagem e tentar compreender ou repudiar suas motivações. Esse detalhe eleva o suspense e desafia o questionamento moral. Perto dela, nós, meros humanos, só vamos saber que fomos manipulados quando o caos já tiver sido feito.
Esse filme é baseado em um crime real, e assim se consolida como um bom suspense psicológico ao focar na intrincada rede de manipulação humana. Ao apresentar os diferentes pontos de vista dos personagens, adentramos nas dinâmicas para narrar os fatos do assassinato. Primeiro, acompanhamos a inspetora Eva investigando o caso; em segundo, Maje, revelando sua verdadeira essência; e, por último, Salva, mostrando como um homem apaixonado pode cometer os piores erros de sua vida. A teia de mentiras e ilusões que Maje cria para Salva evidencia o quão perigosa ela é. Embora possa parecer um simples relato criminal, a obra pode ser considerada um estudo assustador sobre os recantos sombrios da mente humana.
O Jogo da Viúva é um bom filme, mas não atinge a excelência. Os amantes e curiosos pelo gênero true crime vão adorar e se gostarem muito, indico que procurem informações sobre o que ocorreu após os eventos retratados. Maje ainda é bem manipuladora. Podemos compará-la a Suzane von Richtofen. Tanto pela psicopatia manifestada como por repercussão midiática. Até diria que seus métodos são muito semelhantes. Esse caso transcende a dramatização de um crime real para se aprofundar em um estudo sobre a natureza da manipulação humana e a complexidade de sua psique.