O Quarto ao Lado
“O Quarto ao Lado” talvez seja o filme mais contemplativo da carreira de Pedro Almodóvar até agora. Apesar de ser seu primeiro longa em território americano contando apenas com elenco de língua inglesa, mantém suas marcas registradas, como as músicas de suspense ao estilo Alfred Hitchcock, mulheres complexas e é claro, as famosas cores saturadas de Almodóvar.
A trama gira em torno de duas amigas, Ingrid (Julianne Moore) e Martha (Tilda Swinton). Ambas trabalharam juntas como repórter na cidade de Nova Iorque e perderam contato ao longo dos anos. Quando Ingrid está lançando seu livro sobre morte, algo que tem muita dificuldade em entender e aceitar, ela descobre que Martha tem um câncer terminal. Assim que a amizade das duas retorna, Martha pede a ela que seja sua companhia ao longo de um mês em uma casa remota onde ela cometerá suicídio.
Todo o enredo se desenrola envolto em desabafos, epifanias e lembranças de Martha que está rememorando sua vida enquanto tenta se acostumar com a ideia de morte e que sua mente está indo embora. Enquanto isso Ingrid luta contra os próprios demônios. O roteiro, também escrito por Almodóvar e baseado no livro de Sigrid Nunez, “What Are You Going Through”, traz aos holofotes o peso que é perder alguém, não só, o drama de quem está partindo.
Além do enredo central, Almodóvar aproveita o palanque para fazer pequenos protestos sobre a proibição da eutanásia, aquecimento global, desmatamento, a obrigação de instinto materno, guerra e muitos outros através de extensos monólogos.
“O Quarto Ao Lado” foi indicado a vários prêmios. O ponto forte está no elenco de peso composto especificamente por Swinton, Moore e John Turturro, tudo isso em um cenário majestoso que contrasta com a tristeza de doença e morte.