Não Se Mexa

Mais uma vez consigo ver os dedinhos da Netflix se moverem e criar mais um fruto de algoritmo. Não Se Mexa estreou há pouco e, nesse momento em que escrevo, é o número 1 da top list de filmes mais vistos do serviço. Ele é um suspense altamente palatável e pode vir a cair no gosto de qualquer um, mesmo que não seja o gênero preferido. A mão de Sam Raimi (Uma Noite Alucinante) na produção também ajuda bastante esse produto construído para fazer sucesso entre os assinantes da locadora vermelha. O meu veredito diz que é uma obra bem ok, mas que poderia ter um pouco mais de complexidade.

Sinopse: “Iris (Kelsey Asbille) é uma mulher em luto que tenta recuperar sua sanidade e encontrar paz no silêncio da floresta. Quando ela decide tentar se machucar pela culpa que carrega, é encorajada a não fazer isso por Richard (Finn Wittrock). O que ela não sabia é que esse homem é um serial killer que a injeta uma substância que vai fazer seu corpo paralisar em 20 minutos. Esse é o tempo que ela precisa fugir dele e escapar de um destino mais terrível do que estava esperando para si.”

A ideia do longa é bem boa, mas um bom roteiro tem que sustentar muito bem isso também. Não acho que esse detalhe seja um desastre, até possui reviravoltas boas e situações interessantes. O meu problema com ele foram as facilidades encontradas pelo caminho. Nunca vi um vilão tão azarado quanto esse. A calma e a confiança que ele passa contrasta com todos os problemas que ele enfrenta em tela. Chega a ser engraçado. Por mais que queiramos que nossa protagonista viva, em certos momentos me vi torcendo para essa pessoa asquerosa.

Tenho que lembrar que estamos falando de uma vítima que fica completamente imobilizada. Uma presa fácil e mesmo assim consegue escapar dele das maneiras mais malucas. Uma coisa esse roteiro faz de inteligente: todos nos sentimos na pele dela. Queremos gritar, avisar que o assassino está ali e não conseguimos. Essa sensação de impotência é grande e é um dos trunfos grandes desse longa. Nossa protagonista também não é burra e isso ajuda esse vilão a se ferrar cada vez mais.

Posso colocar Richard no rol dos piores serial killers da história. Finn Wittrock (American Horror Story) é um bom ator, mas ele consegue ser bastante caricato. Dá pra sentir um ar de charlatanismo nessa atuação. Nunca vi um vilão sofrer tanto. Ainda mais para uma vítima que passa a maior parte do longa imobilizada. É até risível. Como falei, o roteiro cria boas situações, mas existem muitas facilitações. O seu clímax tem muito disso e não me convenceu a forma como tudo se resolveu.

Não Se Mexa vai continuar fazendo sucesso por mais um tempo. Sua linguagem é bem fácil e não há grandes complexidades. Principalmente se falarmos de roteiro. Vai deixar o espectador nervoso na medida. Posso ir até um pouco mais longe e dizer que esse longa fala da vontade de viver. Se nossa heroína pensou em se matar no início, isso passou completamente no decorrer desse longa. A vontade de viver acaba sendo maior e posso dizer que faz parte de nosso instinto.