Shirley (2020)
“Shirley” é um filme muito interessante. Porém, pouco conhecido. A ideia seria narrar uma pequena parte da vida da renomada autora de terror Shirley Jackson, autora de romances como “The Haunting of Hill House” (1959), que foi adaptada diversas vezes para cinema (A Casa dos Maus Espíritos, A Casa da Colina) e TV (A Maldição da Residência Hill). Esta não é uma biografia, fazendo lembrar o longa estrelado por Julia Roberts, “O Segredo de Mary Reilly” (1996). Indicado a vários prêmios com roteiro de Sarah Gubbins e Susan Scarf Merrell, e direção de Josephine Decker que venceu prêmio de melhor direção pelo Festival de Sundance.
A trama se dá através dos olhos de Rose (Odessa Young), uma jovem grávida, recém-casada e fã dos livros de Shirley. Quando seu marido vai trabalhar na universidade onde Stanley Hyman (Michael Stuhlbarg), marido de Shirley, é reitor. O jovem casal acaba hospedado lá, porém para pagar a hospedagem, devem cuidar da casa da estranha dupla. Um clima de estranheza e mistério paira no ar, junto com o desaparecimento de uma jovem.
O tempo todo o espectador é levado pela trilha sonora composta por notas que fazem lembrar as usadas no terror “Hereditário” (2018) que algo terrível está na eminência de acontecer. Ao invés disso, vemos a pena o cotidiano de pessoas toxicas, castradoras e completamente disfuncionais.
Além da narrativa central, encontramos momentos de sororidade, simbiose e empatia feminina. Uma mulher no lugar da outra, uma mulher como se fosse a outra. E ainda, é levantada a questão do quanto a figura feminina era tratada no século 20. “Shirley” é praticamente um filme de arte. Não é atoa que é brilhantemente estrelado por Elizabeth Moss de “Os Contos da Aia”, “Mad Men” e “The Square”.