Com a Maldade na Alma (1964)
Passados dois anos do sucesso retumbante “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962), o diretor Robert Aldrich retorna com a estrela Bette Davis (A Malvada) em “Com a Maldade na Alma”. No original, “Hush…Hush, Sweet Charlotte”, nome de uma música composta para a protagonista Charlotte Hollis, que é cantarolada diversas vezes ao longo do filme. Este thriller rendeu a Agnes Moorehead (A Feiticeira) indicação ao Oscar de atriz coadjuvante. O longa faz lembrar “Suspeita” (1941) de Alfred Hitchcock, onde não se sabe se a protagonista é louca ou não. Inicialmente, a personagem principal faz lembrar Lizzy Borden, que matou o pai e a madrasta a machadadas em 1892, mas nunca foi presa apesar das obvias evidencias que a incriminavam. Mas logo vemos que existem mais nuances do que as expostas. O julgamento popular dos curiosos também é parte integrante da narrativa.
Na trama, a filha de um milionário de Lousiana, Charlotte, está apaixonada por John, um homem casado, e pretende fugir com ele. Quando o pai da moça obriga John a partir seu coração, ele é assassinado em uma festa, a culpa recai em Charlotte. Passados 35 anos sem ter sido presa, Charlotte é considerada uma lenda local, a mulher louca que mora em uma mansão que está para ser demolida. Quando sua prima Miriam chega para ajudar a convencê-la a desocupar a casa, coisas estranhas começam a acontecer.
O elenco de peso conta com outra icônica veterana do cinema além de Davis, Olivia de Havilland (Tarde Demais) como Miriam, papel que foi originalmente oferecido a Joan Crawford. É possível ver um jovem George Kennedy (Corra que a polícia vêm aí!) antes da fama. O tempo todo somos levados a duvidar de nossos próprios olhos que ficam ávidos para desvendar os mistérios.
Uma trama rocambolesca, cheia de reviravoltas e magistrais efeitos de câmera. Além, é claro do show de atuação de Agnes Moorehead e Bette Davis, que está espetacular e inacreditavelmente não recebeu nenhuma indicação a prêmios com sua controversa Charlotte. “Com a maldade na Alma” é mais um exemplo de como o etarismo de Hollywood reaproveitava as atrizes que já não tinham a idade que eles acreditavam atraente como mulheres monstruosas e loucas em filmes de terror.