Uma Noite de Crime: A Fronteira
‘Uma Noite de Crime’, é uma das minhas franquias de terror atuais preferidas. Ela mostra um terror diferente do que vemos por aí. Aqui, não temos monstros, sobrenatural, demônios, zumbis e nem nada. Temos algo muito pior: a própria humanidade. Embora use de uma narrativa exacerbada, ele é real e está batendo na porta cada vez mais, dia após dia. ‘Uma Noite de Crime: A Fronteira’ pega o conceito e extrapola um pouco mais, levando as consequências do Expurgo a um nível que não foi mostrado até aqui.
Sinopse: “No dia seguinte ao Expurgo, uma família é atacada por uma gangue mascarada. Enquanto o país mergulha em um caos anárquico de violência, o grupo descobre que há um movimento que pretende punir aqueles que têm condições de se proteger do dia Expurgo.”
Eu não achei esse filme maravilhoso, ele sofre um pouco por ser considerado um filme B, mas é inegável que eu me diverti demais com ele. O que me pega nele é justamente esse conceito de um fascismo exacerbado e sem escrúpulos contra pessoas comuns, muitas vezes minorias que conseguem derrotar tais pessoas ruins. A catarse que vai se formando no decorrer de todo longa, explode no final e você não tem nenhum perdão dessas pessoas que se sentem superiores as outras.
A dinâmica dele é um pouco diferente dos anteriores (esse é o quinto da franquia). Enquanto nos outros eles se passam exclusivamente durante o Expurgo, esse aqui não. O seu início mostra os momentos do Expurgo, mas logo acaba. O nome desse capítulo em inglês é ‘The Forever Purge’ (O Expurgo Para Sempre), ou seja, após acabar o horário das 12 horas de crimes liberados, eles continuam na esperança de eliminar todas as minorias do país (Estados Unidos).
O curioso é a escolha de nossos protagonistas. Temos um casal de mexicanos (até aqui ok, faz parte do enredo), e uma família rica dona de uma fazenda. Esses últimos são atacados justamente por serem ricos. O detalhe do personagem do Josh Lucas (Doce Lar) que faz parte desse núcleo, é que ele não gosta de mexicanos. Ele diz que prefere cada um no seu país. Esse preconceito inicial vai se desfazendo quando os mexicanos viram seus aliados. Isso fica ainda melhor quando eles têm que ultrapassar a fronteira para o México para sobreviver. Detalhe que ao meu ver soa genial e acaba sendo um tapa com luva de pelica em quem pensa da mesma forma.
Escrevo esse texto após as eleições, e é impossível não traçar algum certo tipo de paralelo por aqui. O texto ficará datado, mas é preciso ligar o que acontece aqui com a vida real. “Pessoas de bem” que não aceitam o resultado das urnas e que querem protestar. Impossível não lembrar do que acontece nesse filme. Como falei, de uma forma muita mais exagerada sim, mas os princípios são os mesmos. Basta rezarmos para que nossa sociedade não chegue ao ponto em que a franquia chegou.