Festival do Rio: O Contador de Cartas

Mais novo trabalho do afamado diretor e roteirista Paul Schrader (Gigolô Americano), este é um filme mais introspectivo e contemplativo. Apesar de conter a premissa jogo de cartas, em nada faz lembrar longas de ação como “Onze Homens e um Segredo” ou “Maus Momentos no Hotel Royale”.  Em determinados momentos podemos lembrar de “A Mesa do Diabo” (1965) protagonizado por um jovem Steve McQueen. Já a estética, faz lembrar bastante “Psicopata Americano” do diretor Mary Harron e o próprio “Gigolô Americano”.

Na trama, William, interpretado por Oscar Iasac (Cavaleiro da Lua) é um ex-presidiário, jogador de cartar e cheio de manias pouco comuns. Seu caminho se cruza com o do jovem Cirk, interpretado por Tye Sheridan (Viajantes – Instinto e Desejo), que será uma espécie de aprendiz. Ambos compartilham de um mesmo inimigo, Gordo, interpretado por Willem Dafoe (O Farol). No itinerário de jogos, eles conhecem La Linda, interpretada por Tiffany Haddish (O Peso do Talento), uma organizadora de jogos de pôquer que fica intrigada com a dupla.

 

A primeira parte do filme foca em mostrar a trajetória e a personalidade de Willem. Um homem extremamente metódico, cheio de TOC (transtorno obsessivo compulsivo) que vive de forma estranha. Ele age como se estivesse desconfortável o tempo todo, esteja sozinho ou acompanhado. Algo que parece compartilhar com a sedutora La Linda, e um romance pode estar iminente.

O conceito de casa, como o lugar ao qual pertencemos, varia de pessoa para pessoa, no caso de Willem, sua casa parece ser um lugar pouco comum, e é justamente esse ponto que Paul Schrader quer inserir de forma sutil em seu roteiro. Além da mais óbvia inserção de redenção.

O diretor utiliza de grande angular aberta em belíssima fotografia para demonstrar o quanto aqueles personagens pouco usuais, está, de alguma forma, sozinhos no mundo. A narrativa é mais desenvolvida através de imagens, sons e muitas vezes sua ausência, do que por diálogos intermináveis. Por fim, resta dizer, que este não é um filme cartesiano com começo, meio e desfecho, onde o plano traçado pela sinopse é seguido à risca