Eles (Them)
A série passou por muitas polêmicas e comentários desde sua estreia. Um terror e drama que passa por cenas tão viscerais e tortura psicológica que foi acusada de beirar o sadismo. Em diversos momentos dos 10 episódios o criador Little Marvin faz referências aos filmes de suspense envolvendo temas raciais de Jordan Peele (Corra! E Nos!) e o antigo “Além da Imaginação” de Rod Serlign. Em alguns episódios lembramos da série “LoveCraft Country” que trata da mesma premissa, porém com toques de magia. “Them” é sim extremamente dolorosa tal qual o racismo.
A trama se passa nos anos 50, onde os Emory uma família afro-americana composta por um casal e duas filhas, sai do interior onde moram após uma terrível tragédia que os abalou para Los Angeles. Com a promessa de uma vida mais segura e financeiramente mais confortável neste bairro mais endinheirado, a família se depara com uma rua onde todos os seus vizinhos são brancos, racistas e querem que a nova família saia de lá a qualquer custo.
Ao longo dos episódios temos vários flashbacks que mostram o passado da família, a tragédia que lhes acometeu referente ao filho mais novo, o passado de moradores locais e o motivo de muitas das coisas que estão acontecendo. Vale ressaltar brilhante atuação de todo o elenco, mas com destaque para Deborah Ayorinde, a mãe e Melody Hurd que interpreta a filha mais nova.
Além de mostrar a maldade humana nos constantes atos violentos de racismo e intolerância, temos também o terror sobrenatural com a aparição de fantasmas que tortura psicologicamente e agridem os protagonistas. Os criadores propõem a reflexão sobre os fantasmas internos de cada um que precisam ser enfrentados para se viver em paz e ainda os vizinhos de comportamentos monstruosos.
A grande vilã da série é Betty (Alison Pill) uma mulher invejosa pelo fato de não poder ter filhos e bastante neurótica que encabeça toda a tortura em relação a família Emory. Com relação a ela, é mostrado um tema muito usado ultimamente pelos cineastas de ilustrar que muitos abusadores foram abusados como forma de tentar justificar as atitudes erradas. O que não convence pois o espectador é induzido a odiá-la do início ao fim.
As cores utilizadas, efeitos especiais, posicionamento da câmera e mais as músicas dos anos 50 fazem a trama primorosa. Mas é preciso um coração e estômago fortes para assistir a série que machuca demais qualquer pessoa com sensibilidade. Já renovada para uma segunda temporada, não contara mais a trajetória dos Emory.