Desculpe o transtorno, preciso falar de Gregório
Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados do momento tem sido a “carta” que o humorista Gregório Duviver publicou em sua coluna na Folha de S.Paulo falando sobre sua ex Clarice Falcão. Para começar, uma carta é endereçada a uma determinada pessoa, certo? Nunca vi carta ser endereçada a um país inteiro.
As opiniões sobre a atitude de Gregório são divididas, alguns pensam que foi o gesto mais lindo que um ex poderia ter na tentativa de recuperar sua “amada”, e outros acreditam que foi apenas uma jogada de marketing muito bem elaborada para divulgar o filme dos dois ,-homônimo à coluna-, que estreou apenas alguns dias depois de sua publicação. Coincidência? Eu acho que não.
A tal “carta” começa linda, contando uma verdadeira história de amor, mas o fim… o fim me deu vergonha por ela, porque em minha humilde opinião, foi marketing sim(nada contra marketing, o estudei na pós-graduação), não sei se ela concordou com tal jogada, se concordou ok, o marketing funcionou, parabéns para vocês. Mas se ele simplesmente resolveu expor a vida dos dois para o Brasil inteiro com intuito de divulgar o filme sem o consentimento de Clarice ai então neste caso, desculpe o transtorno, preciso falar de Gregório.
É sério que nós mulheres estamos tão acostumadas com “migalhas velhas de um pão dormido “que este texto passa a ser considerado fofo ? Talvez eu pensasse o mesmo se um ex fizesse isso comigo quando tinha 12 anos, mas adulta? Nem pensar. Já não basta a mídia sensacionalista postar mil notícias sobre as supostas traições de Gregório à Clarice, mas agora ter a vida exposta e comentada pelo país inteiro é romantismo ?Como diria o poeta Mario Quintana:
“Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim! “
Sim, gestos românticos desesperados muitas vezes são lindos não só nos filmes como também na vida real, mas onde estava esta carta para a própria Clarice quando os dois se separaram já há um bom tempo atrás ? E meus queridos leitores, se vocês repararem no final do texto de Duviver com atenção, vão ver que ele não expressa intenção de retomar o romance : “Parece que, pra sempre, ela vai fazer falta. Se ao menos a gente tivesse tido um filho, eu penso. Levaria pra sempre ela comigo.Essa semana, pela primeira vez, vi o filme que a gente fez juntos —não por acaso uma história de amor. Achei que fosse chorar tudo de novo. E o que me deu foi uma felicidade muito profunda de ter vivido um grande amor na vida. E de ter esse amor documentado num filme —e em tantos vídeos, músicas e crônicas. Não falta nada. “
“Não falta nada” então acabou mesmo, certo ? Porque se não tivesse acabado ainda faltaria alguma coisa. Se acabou, por que escrever linhas tão doces? Para mim a resposta é marketing.
Por Luciana Costa