Em Um Bairro de Nova York

Já falei antes e vou falar de novo (e sempre que eu tiver a oportunidade): quem não gosta de musicais já é uma pessoa morta por dentro. Ele é um dos meus gêneros favoritos e ‘Em Um Bairro de Nova York’ consegue honrar com muita dignidade os mais clássicos musicais já existentes. A peça estreou em 2005 na off Broadway e com seu imenso sucesso em 2008 foi para a Broadway. Ele é uma criação de Lin Manuel Miranda (Hamilton) e ganhou o Tony Awards de Melhor Musical, entre outros prêmios. Agora em 2021 tivemos o privilégio de ver a versão cinematográfica da história e posso dizer que saí muito feliz com o que vi.

Sinopse: “As luzes se acendem em Washington Heights… O cheirinho de um cafecito caliente paira no ar, na saída da estação de metrô da Rua 181, onde um caleidoscópio de sonhos mobiliza essa comunidade vibrante e muito unida. No meio de tudo, temos o querido e magnético dono de uma mercearia, Usnavi (Anthony Ramos), que economiza cada centavo do seu dia de trabalho enquanto torce, imagina e canta sobre uma vida melhor.”

É muito bom você manter uma certa expectativa sobre algo e ela ser concretizada. Geralmente temos decepção, mas aqui é só alegria. ‘Em Um Bairro de Nova York’ possui todas as características de um musical nota 10. Tem 4 números musicais incríveis, além de músicas individuais muito boas. Ele te faz sorrir, chorar, arrepiar e ter esperança de dias melhores pela frente. Caímos, mas logo levantamos. Apesar do diretor Jon M. Chu (Podres de Rico) ter cortado algumas músicas, elas não fazem tanta falta assim, e foram substituídas por diálogos e com pequenas notas de piano por trás. Ótimas e acertadas escolhas para o ritmo do longa.

A veia latina está muito presente no longa. Lin Manuel Miranda é um norte-americano com origens porto-riquenhas. Ele não esconde isso e tem o prazer e o orgulho de ser latino. As músicas são cantadas em inglês mas em todas elas têm espaço para o espanhol, além dos ritmos musicais que prevalecem na América Central. Entre minhas músicas preferidas e que fizeram me arrepiar estão ‘In The Heights’ que é o número de abertura e o nome do filme no original; ‘96.000’ que rola em uma grande cena dentro de um clube de piscinas; ‘The Club’ onde eles dançam demais a ponto de ficarmos boquiabertos; e minha preferida ‘Carnaval del Barrio’, momento em que estão todos com a moral baixa e que quando começa essa música tudo se transforma em um enorme número musical.

Lin Manuel Miranda fazia o protagonista Usnavi na peça, mas devido a sua idade ele passou o manto para o amigo de outros trabalhos, Anthony Ramos, que não deve nada ao original. Sua interpretação é maravilhosa sempre parecendo muito natural, o que dá a impressão que não há um roteiro (características de quase todo o elenco). É ele mesmo em tela e essa fluidez ganha muito. Anthony está no auge de sua carreira, acabou de lançar o seu 2º álbum, protagonizará a série In Treatment da HBO e foi confirmado recentemente que ele será o astro principal do novo Transformers. Se você não o conhece, essa é a deixa para conhecê-lo.

Ainda temos momentos que acabei chamando de Lin Manuel “Mirandaverse”. Os fãs de Hamilton poderão achar um easter egg durante o longa que vão deixá-los muito felizes pela referência. Além disso, temos a participação especial do ator Chris Jackson que fez o George Washington em Hamilton e que fez o Benny na versão original da peça na Broadway de ‘Em Um Bairro de Nova York’ . Lin e Jackson aparecem quando toca ‘Piragua’, um momento que poderia ser cortado do longa, mas que acaba sendo divertido e prazeroso para os fãs desses atores.

Ele é um prato cheio para todos os fãs existentes de musicais. O achei simplesmente excelente, talvez tenha uma ou outra coisa para se falar mal dele, mas preferi ignorá-los, pois não tiram o brilho dele de jeito nenhum. Caso não goste desse gênero, além de ser uma pessoa triste, não aconselho que o vejam. Provavelmente terá tudo o que você mais odeia. Nada que uma vontade de ser feliz não possa resolver.

Em Um Bairro de Nova York está em cartaz nos cinemas.