Soul

Todo ano eu fico ansioso pela nova animação da Pixar. É certo que a qualidade da animação em si e de sua história serão sempre acima da média. Soul era para ter estreado no meio do ano de 2020, mas graças a pandemia ele teve que ser adiado para dezembro e com lançamento no streaming, nada de cinema. Esse detalhe não afeta em nada o seu resultado final, mas devo ser sincero e dizer que ele está abaixo de seus antecessores. A busca pela perfeição e emoção por muitas vezes pode ser difícil.

Sinopse: “Em Soul, duas perguntas se destacam: Você já se perguntou de onde vêm sua paixão, seus sonhos e seus interesses? O que é que faz de você… Você? A Pixar Animation Studios nos leva a uma jornada pelas ruas da cidade de Nova York e aos reinos cósmicos para descobrir respostas às perguntas mais importantes da vida. Dirigido por Pete Docter e produzido por Dana Murray.”

Já vou começar com o pé na porta que é para não ter traumas. Ele não me transmitiu metade da emoção que tive em outros filmes da Pixar como Divertidamente, Viva – A Vida é uma Festa e Up – Altas Aventuras. Essa minha reclamação pode gerar uma confusão e pode passar para quem está lendo de que Soul é um filme ruim. Muito longe de ser ruim, é uma grande aventura que consegue nos fazer pensar sobre o que somos e o que viemos fazer aqui na Terra. A minha exigência aqui era maior por causa da palavra “soul” em si. Soul que quer dizer “alma” em português, mas que também se refere ao gênero musical.

Esse é um trocadilho especial que faz um sentido tremendo. O ritmo combina elementos de músicas gospel, jazz e rhythm and blues. Com isso esperamos algo realmente feito com muita paixão e feito de dentro de sua alma. Isso é mostrado no momento em que Joe, nosso protagonista, toca sem se importar com o mundo e isso traz uma música maravilhosa. Tá ali, é mostrado, mas mesmo assim senti que faltou algo. Era para eu ter acabado e sentido aquele calor no coração, mas senti apenas um vazio normal de que o que vi foi apenas algo normal e ok.

Essa falta de emoção e a tentativa de explicar algumas coisas que não entendemos não me soaram convincentes o suficiente. Me refiro a parte em que as pessoas transcendem e vão parar em um mundo espiritual onde conseguem ajudar pessoas que se perderam no meio do caminho. Acho interessante o conceito, mas não me convenceu por completo. A tentativa de nos fazer entender certas coisas funcionou no passado, mas deixou a desejar aqui.

O elenco de vozes nunca decepciona e como destaque temos o Jamie Foxx, como Joe, o nosso protagonista e Tina Fey como a Alma 22. A dinâmica dos dois personagens é muito boa e um aprende muito com o outro até o seu momento final. Isso me faz lembrar de mais uma reclamação. O seu clímax é legal, é bonito, mas acho que faltou coragem ao que se propuseram. É nesse ponto que faltou aquela emoção, e perderam o grande momento de nos deixar mal e acalentados por um momento. Não falo aqui para não estragar, mas está entalado em minha garganta.

Me sinto um pouco ranzinza falando mal dele, mas tenho que ser honesto comigo mesmo. Sinto que fui vê-lo esperando algo muito maravilhoso e a expectativa é a mãe da decepção. Ao chegar até aqui nessa leitura deve estar achando que ele é uma grande porcaria, mas não é. Tenho que frisar isso, pois ainda assim ele consegue ser um belo filme que vai agradar adultos e crianças. Capaz de rever e gostar mais. A reclamação fica quase que unicamente a falta de paixão e emoção.

Soul se encontra no catálogo da Disney +.