Desafio do Além (1963)

Este filme pouco conhecido causa curiosidade e comoção entre os apreciadores do gênero por ser o primeiro longa metragem baseado na obra literária de Shirley Jackson,  “The Haunting of Hill House” (A assombração da Casa da Colina). O livro inspirou Steven King, William Malone, Jan de Bont, Mike Flanagan e muitos mais que com certeza tiraram algumas referências para seus filmes de “Desafio do Além.

Sinopse: Estudioso de ocultismo convida pessoas que supostamente tem poderes paranormais para visitar uma casa famosa por ser assombrada. Sua intenção é presenciar a aparição de eventos sobrenaturais.

Dirigido e produzido por Robert Wise, “Desafio do Além” entrou para os anais do cinema de terror. Embora hoje a história e os moldes sejam batidos, já tendo sido contados e recontados inúmeras vezes, é importante ter em mente que este foi pioneiro, dando origem a vários outros. O diretor contou com um orçamento em torno de um milhão de dólares e com a precariedade dos recursos existentes na época Wise lançou mão de uma atmosférica sufocante e cenários claustrofóbicos para dar a entonação assustadora a seu filme. Tudo isso aliado a uma protagonista extremamente atormentada interpretada por Julie Harris (Os Pecados de Todos Nós) nos moldes de Lady MacBeth

Quem está acostumado a longas com mil efeitos e aparições fantasmagóricas como os filmes de James Wan (Invocação do Mal) corre o risco de se decepcionar com este terror feio em 1963 onde fantasmas não aparecem, sendo apenas mencionados. O espectador não vê portas abrindo sozinhas mas sim as portas já abertas com o relato dos protagonistas de que ela estava fechada. Para aproveitar esta produção na íntegra com todo seu potencial, é preciso embarcar na atmosfera da trama e confiar ao máximo nos relatos assustados dos personagens.

Mesmo sem ter lido o livro, se você assistiu “Rose Red – A Casa Adormecida” (2002) de Stephen King ou “A Maldição da Residência Hill” (2018) de Mike Flanagan a história narrada nesta produção de 1963 lhe parecerá familiar. Uma casa que é considerada maldita, portas e janelas que se abrem e fecham sozinhas, frio, barulhos, estátuas macabras, suicídios e danças com pessoas que não estão lá. Acontece que ambos os diretores basearam suas obras no livro de Shirley Jackson e tomaram o longa de 1963 como referência.

Curiosidade interessante é que o diretor Robert Wise de “A Casa Maldita” ao ler o livro acreditou que a história era muito mais sobre problemas psicológicos do que sobre assombrações e por isso seu filme tem todo um ar de histeria. Porém, anos depois, o diretor conheceu Shirley que lhe garantiu que sua intenção não era a que ele pensou e sim fazer um livro totalmente voltado para o sobrenatural.

Com o sucesso do primeiro filme tanto de público quanto da crítica, foi feito um remake em 1999 intitulado “A Casa Amaldiçoada” (The Hauting) dirigido por Jan de Bont que não obteve o mesmo êxito de seu antecessor. No mesmo ano foi lançado “A Casa da Colina” (House on Haunted Hill) de William Malone com uma proposta similar.