Alta Sociedade (1956)
O filme começa com uma música cantada por Luis Armstrong (o maior cantor e instrumentista de jazz de todos os tempos) interpretando a si mesmo. Ela narra a história que se dará a seguir. Um patrono do jazz está de coração partido já que sua ex-mulher e vizinha irá se casar novamente. Com caráter demais para armar arapucas para impedir o casamento, Dexter utiliza-se apenas de suas músicas e aparições sem ser convidado para tentar reconquistar a moça. Felizmente, ele conta com a ajuda de dois cupidos, o próprio Armstrong e sua ex-cunhada, a pequena Caroline.
A obra é uma adaptação em forma de musical de “Núpcias de Escândalo” (1940) que contava com atuação de Cary Grant, Katharine Hepburne, James Stewart (que levou Oscar de ator coadjuvante) e dirigido por George Cukor (Adorável Pecadora). Por sua vez, este era uma adaptação de uma peça teatral escrita por Philip Barry. Parecia impossível que apenas 16 anos depois um novo filme sobre o mesmo assunto pudesse se equiparar ao original mas aconteceu. Com interpretação de Grace Kelly, Bing Crosby e Frank Sinatra, não tinha o que sair errado. As falas são praticamente as mesmas, mas a música é um show a parte.
Na época em que se passa a história, o jazz era considerado imoral, nunca uma música a ser escutada pela elite. Nossa protagonista, a esnobe Tracy (Grace Kelly) não conseguiu suportar que o marido fosse incentivador e participasse do estilo, para ela tudo tem que ser impecável, não se aceita falhas humanas ou menos do que elegância, tudo isso tem um motivo simples apresentado logo no início do longa, seu pai traiu sua mãe. Com certeza, a intenção do autor ao criar esta história era mostrar que não importando a classe social todos temos teto de vidro.
Tanto no filme original como em “Alta Sociedade”, temos um quadrado amoroso (já que triângulo) não caberia. Em planos que oscilam entre abertos e fechados temos sempre a forte protagonista Tracy em posição de briga. Inúmeras vezes ao longo de ambos os filmes, os personagens a acusam de ser uma estátua, sempre em um pedestal, nunca humana. Em diversas cenas é isso que a câmera nos mostra, ela esta sempre acima, é filmada de forma que pareça estar realmente em um pedestal. Ambos os filmes são divertidos, emocionantes e carregam diversas lições.