História de um Casamento – 2 visões

Em um divorcio, há sempre dois lados de uma mesma história, as vezes ambos estão certos em seus respectivos posicionamentos, as vezes ninguém está. Devido ao filme ter esta temática e às indicações que recebeu à tantos prêmios, vamos apresentar a seguir duas criticas diferentes relacionadas ao mesmo filme:

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História de um Casamento – Por Luciana Costa

“História de um casamento” é um filme denso. Abordando o tema da separação de um casal com filhos, somos levados a um mundo onde quem se amava e protegia agora acusa e atira pedras. Nessa guerra sem vencedores, a mais prejudicada normalmente é a criança. Os grandes vilões do filme são os advogados, especialmente Lana, interpretada por Laura Dern  com merecidíssima indicação ao Oscar de Atriz Coadjuvante.

Sinopse: “Sinopse: “Nicole (Scarlett Johansson) e seu marido Charlie (Adam Driver) estão passando por muitos problemas e decidem se divorciar. Os dois concordam em não contratar advogados para tratar do divórcio, mas Nicole muda de ideia após receber a indicação de Nora (Laura Dern) Surpreso com a decisão da agora ex-esposa, Charlie precisa encontrar um advogado para tratar da custódia do filho deles, o pequeno Henry (Azhy Robertson).”

O longa em muitos momentos é feito aos moldes de uma peça de teatro. Além das cenas que se situam dentro de uma, já que os protagonistas são respectivamente um diretor e uma atriz, a história se passa em três atos, sempre separados por cenas bem representativas. Sem grandes técnicas de filmagem, fotografia, ou trilha sonora, o diretor Noah Baumbach (Frances Ha) aposta no talento dos atores que estão magistrais.

Normalmente não devemos decidir quem é o errado em um divórcio, mas o roteiro nos leva de forma tendenciosa a simpatizar mais com o marido interpretado por Adam Driver que leva uma surra da vida ao longo de toda a projeção. Totalmente justificada sua indicação ao Oscar 2020, o ator já mostrava seu talento para personagens dramáticos em “Silêncio” (2016) e “Paterson” (2016) mas aqui está particularmente envolvente, sequestrando a atenção do espectador quando está em cena. Scarlett Johansson não decepciona ao sair dos filmes de ação e aventura direto para o drama.

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História de um Casamento – Por Bruno de Oliveira

Nunca fui casado, mas já terminei alguns namoros e sei como é horrível a dor de um término. Lógico, separação de casamento com filho envolvido deve ser mil vezes pior. Mesmo não tendo passado por algo assim é possível criar uma empatia a ponto de entender e sentir todas as dores sentidas por cada um dos personagens. Pode ser cliché o que vou falar agora, mas é verdade: não importa a tempestade que enfrentará, ela sempre passará. Temos aqui um ótimo filme que saiu pela Netflix sobre coisas mundanas que muitos irão se identificar e até chorar.

 

Esse é um daqueles filmes que são focados no poder do roteiro e da atuação. Esses dois fatores combinados nos trazem automaticamente algo no mínimo genial. Falarei disso daqui a pouco, pois quero focar um pouco na história. Ler somente essa sinopse não dá vontade de ver, mas apesar desse resumo cotidiano e normal é daí que vem toda a força do longa. Eu não vi ficção aqui, ele todo pareceu muito real e visceral como uma verdade nua e crua. Dá impressão que foi baseado na vida real de alguém do quanto real ele é.

 

Como uma história comum pode ser tão boa? Retomando o assunto iniciado no parágrafo anterior: roteiro e atuação. É inacreditável os diálogos que são criados e a performance dos atores é simplesmente arrasadora. Scarlett Johansson (Encontros e Desencontros) e Adam Driver (Infiltrado na Klan) dão um show de atuação criando cenas incríveis como a catarse quando um fala a verdade implícita na cara do outro, ou como a leitura da carta no final e até mesmo com o diálogo de Scarlet com a personagem de Laura Dern (Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros). Essa também tem seu momento de brilho ao fazer um monólogo envolvendo Maria, mãe de Jesus. Os atores juraram de pé junto que nada foi improvisado e que está tudo no roteiro (INCRÍVEL).

 

Um filme como esse tinha que ser indicado ao Oscar. Não só foi indicado como está concorrendo em 6 categorias. São elas: Melhor Filme, Melhor Ator para Adam Driver, Melhor Atriz para Scarlett Johansson, Melhor Atriz Coadjuvante para Laura Dern (essa vai como favorita por já ter ganho outros prêmios como o Globo de Ouro e o Critics Choice), Melhor Trilha Original e Melhor Roteiro Original para Noah Baumach (A Lula e a Baleia). Se com esse texto não conseguir te convencer a ver, eu não sei mais o que faria. RECOMENDAÇÃO MÁXIMA.