1917
Somente o cinema consegue criar uma obra de arte em cima de um acontecimento tão grotesco quanto a 1º Guerra Mundial. Lógico que existem outros tipos de artistas que também conseguem criar obras excelentes sobre o tema como pintores, artistas plásticos, escritores… mas a 7º arte é que consegue nos mostrar com a maior veracidade possível a ponto de nos fazer sofrer e ficar fascinados ao mesmo tempo. Podemos discordar, mas ao ver esse filme, pode ser que concorde comigo e ao final você terá passado por uma experiência incrível como se tivesse andado em uma montanha-russa por 1h59.
Sinopse: “Os cabos Schofield (George MacKay) e Blake (Dean-Charles Chapman) são jovens soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial. Quando eles são encarregados de uma missão aparentemente impossível, os dois precisam atravessar território inimigo, lutando contra o tempo, para entregar uma mensagem que pode salvar a vida de 1600 soldados.”
Mesmo que você não tenha um olhar tão atento, em poucos minutos você já percebe que não tem um corte de câmera. Esse é o famoso plano-sequência, que consiste em criar takes bem longos gravados sem um corte de câmera se quer. Existem cortes, mas ele se torna quase imperceptível, pois são usados truques que nos fazem pensar que não houve um. Essa técnica é meu suprassumo do cinema. Ao ver isso eu fico maravilhado e hipnotizado. Levar o filme desse modo do início ao fim é muito complicado, pois é preciso manter a dinâmica o tempo todo para manter o espectador ligado não o tornando maçante e chato. O responsável por toda essa genialidade é Sam Mendes (007 – Operação Skyfall), o diretor, que consegue criar cenas eletrizantes e tensas com uma linda fotografia e nos deixando com a sensação que estamos no meio da guerra.
A história em si é bem simples, facilmente entendível e sem truques. Não há uma grande trama com reviravoltas, mas isso nunca tiraria o mérito do que foi feito. Junto com a direção, o outro acerto é a escolha dos protagonistas que são praticamente desconhecidos, mas que entregam muito em cena. Tudo o que eles fazem me parece crível, e como dito anteriormente, a câmera acaba nos tornando um terceiro membro desse pequeno grupo. George Mackay (Capitão Fantástico) e Dean-Charles Chapman (o rei Tommem de Game of Thrones) são incríveis juntos, e é uma pena que não tenham conseguido nenhuma indicação ao Oscar.
Outros destaques ficam por conta também da trilha sonora e das participações especiais. Incrível como a trilha nos guia durante toda a jornada. O aumento dela nos deixa nervosos na iminência de algo acontecer nos deixando muito tensos enquanto o silêncio nos acalma e nos deixa descansar um pouco de tanta adrenalina. Nem sempre o silêncio se torna algo bom. Tem momentos que ele é prenúncio de algo. Outro destaque são as muitas participações especiais. Nomes grandes do cinema como Colin Firth (O Discurso do Rei), Mark Strong (Shazam!) e Benedict Cumberbatch (Doutor Estranho). Todos eles aparecem durante a jornada e marcam um momento importante do longa.
Sendo ele uma obra de arte, era óbvio que teria indicações ao Oscar desse ano com 10 indicações. Entre ela temos Melhor Filme (vencedor do Globo de Ouro desse ano), Melhor Fotografia, Melhor Direção (Sam Mendes que já venceu no Globo de Outro desse ano), Melhor Cabelo e Maquiagem, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Design de Produção, Melhor Edição de Som, Melhor Mixagem de Som, Melhores Efeitos Visuais e Melhor Roteiro Original. Como dito por mim, a parte técnica é incrível e merece alguns desses prêmios aí.