O Sequestro
Trama corriqueira e banal de uma mãe coragem repleta de absurdos constrangedores.
A essa altura do campeonato, todo mundo sabe que Halle Berry perdeu a capacidade de gerenciar sua carreira. Suas escolhas vão de mal a pior e com “O Sequestro” (Kidnap) fica registrado a comprovação de sua decadência. A produção, engavetada três anos por problemas financeiros, traz Halle como uma super mulher que defende sua cria do ataque de um casal de sequestradores. O problema começa com a previsibilidade de um roteiro que não explora absolutamente nada de novo no gênero. Halle acredita piamente que é uma mulher de fibra e que, sozinha, conseguiu combater o machista e preconceituoso sistema hollywoodiano, sendo a única mulher afro descendente a ganhar um Oscar por seu desempenho em “A Última Ceia” em 2001. Mas filme após filme, a atriz foi abrindo mão deste status e se transformou em uma artista sem nenhuma identidade.
O filme segue a mesma cartilha do filme antecessor (o medíocre Chamada de Emergência, 2011) onde Halle era uma atendente do 911 ,traumatizada após um resgate mal sucedido, mas que conseguia desvendar sozinha uma quadrilha de criminosos. Aqui, ela é Karla Dyson, uma mãe solteira e batalhadora prestes a perder a guarda do filho e que se vê às voltas com um casal de sequestradores caipiras. Assim como uma leoa, mas sem nenhum recurso (seu celular quebra no inicio da perseguição), Karla enfrenta uma rede internacional de traficantes infantis que usa um carro velho e que se deixa ser perseguida quilometro após quilometro, escancarando o absurdo de um roteiro escrito por um estreante (Knate Lee). A direção do espanhol Luis Prieto não respeita o espectador e é responsável por uma absurda luta corporal entre Karla e a sequestradora Margo dentro de um veículo em movimento. A câmera não consegue exibir nenhum quadro plausível e o resultado é uma sequência constrangedora.
Tudo soa datado e banal com uma narrativa corriqueira que tenta transmitir, sem êxito, o nervosismo de uma mãe desesperada em busca de seu mais precioso bem, mas Halle é uma atriz de uma nota só e reprisa os mesmo tiques cena após cena sem se preocupar em construir nenhuma característica distinta.
Para aqueles que não exigem absolutamente nada do cinema, “O Sequestro” é uma opção que certamente atenderá as expectativas, mas para aqueles que procuram algo mais que assistir Halle Berry gritando atrás de um volante, este é um filme constrangedor e mais um passo rumo ao enterro de uma atriz consagrada.