Chacrinha: O Velho Guerreiro
Chacrinha: O Velho Guerreiro Brasil, 2018.
Direção: Andrucha Waddington
Com: Stepan Nercessian, Eduardo Sterblicth, Gianne Albertoni, Carla Ribas, Rodrigo Pandolfo
“Chacrinha – O Velho Guerreiro” dirigido por Andrucha Waddington é o tipo de filme que desperta uma enorme expectativa no público em geral. A biografia do famoso apresentador, narra a trajetória de José Abelardo Barbosa desde o momento em que larga a faculdade de medicina para se aventurar em seu primeiro “bico” como locutor de rádio. Daí em diante, vemos sua vida se transformar na figura do “palhaço do povo” e o nascimento do alter ego mais conhecido do Brasil, até sua morte em 1988. Depois de passar pelo teatro musical, nada mais justo que o cinema brasileiro reverencie este artista de talento ímpar, responsável por famosos bordões e comportamento irreverente.
Pensado e produzido como uma futura minissérie televisiva, o filme perde-se na importância da imagem popular em detrimento de um conteúdo mais denso e que fizesse jus à imagem do eufórico apresentador, considerado um dos maiores fenômenos midiáticos das últimas décadas.
O roteiro escrito por Cláudio Paiva não consegue ir além do desenvolvimento regular e protocolar de qualquer cinebio que o cinema nacional insiste em produzir. Conta-se apenas uma história (de preferência em ordem cronológica) com fortes cargas sentimentais, seguindo um protocolo beirando o novelesco. A preocupação com a reprodução de uma imagem fiel (que beira a caricatura) fala mais alto que uma composição poética e/ou imagética e transforma o filme em um recorte de sequências sem nenhuma emoção ou ambivalência que apenas homenageia o artista com a clara intenção de agradar o público em geral. Temos apenas os pontos marcantes da carreira do Chacrinha sem nenhuma preocupação em formatar um arco dramático consistente ou transmitir alguma justificativa sobre o perigo de adotar posturas de atrevimento e insolência numa época extremamente perigosa e conturbada.
O grande mérito deste filme, além da impecável produção técnica, é a presença vigorosa do ator Stepan Nercessian que encarna o Chacrinha de maneira autofágica, transformando o cinema em um colorido programa de auditório.
Por fim, “Chacrinha – O Velho Guerreiro” é um filme comercialmente sonoro de caráter informativo (e até certo ponto careta) que dá uma saudade enorme do rei da anarquia, mas que imediatamente se dissolve ao sair do cinema. Vai para o trono ou não vai? O público decide.