A Mentira (Easy A)

 

À primeira vista, A Mentira (Easy A) pode parecer apenas mais um filme passado em um colégio americano com muita luz e adultos maquiados demais interpretando adolescentes. Mas é o oposto disso. A primeira dica é a trilha sonora – uma mistura de músicas indie com faixas selecionadas especialmente para as cenas (como “Sexy Silk”, da Jessie J) – na única vez em que uma música pop é usada no filme (“Pocketful of Sunshine”, da Natasha Bedingfield), é de forma irônica.

 

O filme é um relato da adolescente Olive Penderghast – papel que deu a Emma Stone sua primeira indicação a um Globo de Ouro (melhor atriz em comédia ou musical) – sobre como sua vida muda quando boatos de que ela havia perdido a virgindade correm pelo colégio. Olive não é uma protagonista comum, em relação a outros filmes teen: ela não é obcecada pela ideia de ser popular, nem a odeia; ela não tem “arqui-inimigas”, nem uma turma. O que a distingue do resto é sua inteligência acima da média – e o mesmo pode ser dito sobre o humor do filme, criado a partir de tiradas sarcásticas e referências, tanto a atualidades quanto à cultura norte-americana.

 

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A coleção de estrelas compõe o elenco – Stanley Tucci (Um lugar no paraíso, Spotlight – segredos revelados), Lisa Kudrow (Friends), Amanda Bynes (Hairspray, Ela é o cara) e Penn Badgley (Gossip Girl), só para citar alguns – não decepciona. Sejam pais apoiadores ou colegas sem-noção, os personagens parecem caricaturas de pessoas reais que dá vontade de conhecer. Como é fácil dizer quem é #timeOlive e quem está contra a protagonista, é agradável assistir.

 

 

Embora não haja nenhum conflito em relação a certo e errado apresentado ao público, o enredo trata de assuntos sérios como homofobia (preconceito que um colega da protagonista enfrentava todo dia) e machismo (os dois pesos e duas medidas que se vê em relação à virgindade de meninos e meninas). O maior pecado do filme é a falta de representatividade – por se passar em uma cidade pequena americana onde a população é majoritariamente branca, o único personagem negro é o irmão adotivo de Olive, que nem nome tem (e se tem, não é citado). De resto, o retrato de uma jovem “prafrentex” numa cidade parada no tempo merece aplausos.

 

por Katharina Farina

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