Do Jeito Que Elas Querem

Do Jeito que elas Querem (Book Club)
Eua, 2017. 104 min.
Direção: Bill Holderman
Com: Jane Fona, Diane Keaton, Candice Bergen, Mary Steenburgen, Andy Garcia, Don Johnson, Craig T. Nelson


Quatro amigas de longa data se reúnem uma vez ao mês para discutir um livro sugerido por uma delas. O livro da vez é o bestseller “50 Tons de Cinza” – febre mundial que povoou o imaginário e os ânimos de senhoras de meia idade excitadas com as aventuras sexuais de Mr. Gray.

Primeiro longa metragem do diretor Bill Holderman, “Do Jeito que elas Querem” (horrível tradução livre do original: Book Club) não tem espaço para sutilezas. Aqui tudo é convencional, com uma trama previsível sem muito interesse pelo conteúdo do famoso livro que é utilizado como propaganda para as gags visuais. Não é a toa que temos a participação de Don Johnson (pai de Dakota Johnson – atriz da adaptação cinematográfica) e uma breve aparição de E. L. James, autora do bestseller erótico.

A ideia de senhoras com mais de 60 anos voltando a ter vida sexual ativa não é de toda má, mas a assepsia deste projeto esbarra numa irritante previsibilidade que lembra as comédias esterilizadas de Nancy Meyers onde negros, orientais e latinos ocupam cargos serviçais e os personagens vivem numa bolha de sucesso sem nenhum traço de legitimidade. Aqui há apenas arquétipos enfeitados por um maravilhoso elenco de veteranos como Jane Fonda (esbanjando uma silhueta invejável aos 80 anos), Candice Bergen, Mary Steenburgen, Diane Keaton , Andy Garcia, Richard Dreyfus , Craig T. Nelson e Don Johnson, o que já é motivo suficiente para ir ao cinema.

É verdade que o espectador será recompensado por uma obra ingênua e simplória que nos lembra que nunca é tarde para recomeçar, mas infelizmente o roteiro (assinado por Holderman e a atriz Erin Simms) soa cafona, tornando as situações corriqueiras e prosaicas demais. Até as piadas sofrem com o desgaste sublimar cuja malícia tenta plagiar, sem sucesso, a irreverência de Mae West (“Seu celular no bolso da calça está me machucando…”) esta sim, uma safadinha revolucionária que faria Mr. Gray, encher-se de vergonha.